quinta-feira, 14 de março de 2013

Revolução Cubana


Sendo uma das últimas nações a se tornarem independentes no continente americano, Cuba proclamou a formação de seu Estado independente sob o comando do intelectual José Marti e auxílio direto das tropas norte-americanas. A inserção dos norte-americanos nesse processo marcou a criação de um laço político que pretendia garantir os interesses dos EUA na ilha centro-americana. Uma prova dessa intervenção foi a criação da Emenda Platt, que assegurava o direito de intervenção dos Estados Unidos no país.
Dessa maneira, Cuba pouco a pouco se transformou no famoso “quintal” de grandes empresas estadunidenses. Essa situação contribuiu para a instalação de um Estado fragilizado e subserviente. De fato, ao longo de sua história depois da independência, Cuba sofreu várias ocupações militares norte-americanas, até que, na década de 1950, o general Fulgêncio Batista empreendeu um regime ditatorial explicitamente apoiado pelos EUA.

Nesse tempo, a população sofria com graves problemas sociais que contrastavam com o luxo e a riqueza existente nos night clubs e cassinos destinados a uma minoria privilegiada. Ao mesmo tempo, o governo de Fulgêncio ficava cada vez mais conhecido por sua negligência com as necessidades básicas da população e a brutalidade com a qual reprimia seus inimigos políticos. Foi nesse tenso cenário que um grupo de guerrilheiros se formou com o propósito de tomar o governo pela força das armas.

Sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara, um pequeno grupo de aproximadamente 80 homens se espalhou em diversos focos de luta contra as forças do governo. Entre 1956 e 1959, o grupo conseguiu vencer e conquistar várias cidades do território cubano. No último ano de luta, conseguiram finalmente acabar com o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um novo regime pautado na melhoria das condições de vida dos menos favorecidos.

Entre outras propostas, o novo governo defendia a realização de uma ampla reforma agrária e o controle governamental sob as indústrias do país. Obviamente, tais proposições contrariavam diretamente os interesses dos EUA, que respondeu aos projetos cubanos com a suspensão das importações do açúcar cubano. Dessa forma, o governo de Fidel acabou se aproximando do bloco soviético para que pudesse dar sustentação ao novo poder instalado.

A aproximação com o bloco socialista rendeu novas retaliações dos EUA que, sob o governo de John Kennedy, rompeu as ligações diplomáticas com o país. A ação tomada no início de 1961 foi logo seguida por uma tentativa de contra-golpe, no qual um grupo reacionário treinado pelos EUA tentou instalar - sem sucesso - uma guerra civil que marcou a chamada invasão da Baía dos Porcos. Após o incidente, o governo Fidel Castro reafirmou os laços com a URSS ao definir Cuba como uma nação socialista.

Para que a nova configuração política cubana não servisse de exemplo para outras nações latino-americanas, os EUA criaram um pacote de ajuda econômica conhecido como “Aliança para o Progresso”. Em 1962, a União Soviética tentou transformar a ilha em um importante ponto estratégico com uma suposta instalação de mísseis apontados para o território estadunidense. A chamada “crise dos mísseis” marcou mais um ponto da Guerra Fria e, ao mesmo tempo, provocou o isolamento do bloco capitalista contra a ilha socialista.

Com isso, o governo cubano acabou aprofundando sua dependência com as nações socialistas e, durante muito tempo, sustentou sua economia por meio dos auxílios e vantajosos acordos firmados com a União Soviética. Nesse período, bem-sucedidos projetos na educação e na saúde estabeleceram uma sensível melhoria na qualidade de vida da população. Entretanto, a partir da década de 1990, a queda do bloco socialista exigiu a reformulação da política econômica do país.

Em 2008, com a saída do presidente Fidel Castro do governo e a eleição do presidente Barack Obama, vários analistas políticos passaram a enxergar uma possível aproximação entre Cuba e Estados Unidos da América. Em meio a tantas especulações, podemos afirmar que vários indícios levam a crer na escrita de uma nova página na história da ilha que, durante décadas, representou o ideal socialista no continente americano.


Fonte:

Rainer Sousa
brasil escola

quarta-feira, 13 de março de 2013

Rio+20: economia verde e desenvolvimento sustentável



Desde a Rio 92, a população do planeta cresceu 26%, atingindo sete bilhões de pessoas em 2011. A aceleração do consumo, no entanto, foi muito maior. A produção de comida aumentou 45% nos últimos 20 anos e a extração de materiais, 41%. O mundo chega à Rio+20 com o dobro de produção de plástico e elevação de 40% na emissão de gases poluentes. Segundo o relatório Living Planet, divulgado pela WWF em maio, se a demanda por recursos naturais utilizados na Terra continuar a expandir, como ocorreu nos últimos 20 anos, precisaremos de quase três planetas em 2050 para suprimir as necessidades da população. Ainda assim, alguns sinais são positivos, como o uso mais eficiente dos recursos naturais e a redução do desmatamento de florestas. 

Os dois temas centrais da Rio – a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável – fazem do evento uma oportunidade para que a busca das boas práticas seja renovada. A ONU indica que investimentos de 2% do PIB global em dez setores-chave bastariam para tornar a economia mais sustentável. Mas as discussões incluem o temor de que novas exigências reforcem a situação atual de dominância dos ricos em relação aos pobres – países com menos recursos para investir em tecnologia, que acabariam tendo que importar painéis solares e turbinas eólicas, por exemplo. Uma parcela dos movimentos sociais e pesquisadores das áreas de meio ambiente e desenvolvimento têm questionado também o que consideram a banalização do conceito de desenvolvimento sustentável e o privilégio às práticas capitalistas. 

No documento de referência da Rio+20 “Rumo à uma economia verde”, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a ONU defende que o conceito não substitui o de desenvolvimento sustentável. “A sustentabilidade continua sendo um objetivo vital a longo prazo, mas é preciso tornar a economia mais verde para chegarmos lá. Talvez o mito mais difundido seja o de que há uma troca inevitável entre preservação ambiental e progresso econômico. Mas há evidência substancial de que o ‘esverdeamento’ de economias não inibe a criação de riqueza ou oportunidades de emprego”, defende o documento.

Janos Pasztor, Secretário Executivo do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre Sustentabilidade Global, afirma que sustentabilidade não é só meio ambiente, mas engloba também as dimensões social e econômica. Melinda Kimble, vice-presidente do Fundo para as Nações Unidas, defende que a grande virada da economia verde é deixar claro que, apesar de requerer mais investimentos a curto prazo — assim como a maioria das iniciativas de sustentabilidade —, o sistema proposto se mostra lucrativo no futuro. “Existe um outro mito: a economia verde é um luxo que apenas países ricos têm condições de sustentar, ou pior, uma imposição do mundo desenvolvido para perpetuar a pobreza. Ao contrário, há uma plenitude de exemplos de transições verdes acontecendo em vários setores do mundo em desenvolvimento, que merecem ser copiadas em outros lugares”, explica a executiva da ONU.

Enquadrar essa questão social na discussão é justamente a grande preocupação do Brasil, que tem como uma das propostas para a Rio+20 acrescentar uma palavra ao termo, que passaria a ser economia verde inclusiva.

Compreendendo melhor a questão


Definimos como desenvolvimento sustentável o tipo de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É um tipo de desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro, e que dá à geração atual a possibilidade de se desenvolver sem agredir o meio ambiente, dando às gerações futuras a chance de existir e viver bem de acordo com as suas necessidades. O desenvolvimento sustentável somente será alcançado quando houver planejamento e a consciência de que os recursos naturais são finitos, ou seja, que esses recursos acabam.

Já o termo economia verde permite inúmeras interpretações e o seu conceito ainda não é consensual. A ideia central desse termo é que o conjunto de processos produtivos da sociedade e as transações deles decorrentes contribuam cada vez mais para o desenvolvimento sustentável, tanto nos aspectos sociais quanto ambientais, numa tentativa de conciliar ambientalismo e capitalismo. A economia verde propõe que, além das tecnologias produtivas e sociais, sejam criados meios pelos quais fatores essenciais ligados à sustentabilidade socioambiental, hoje ignorada nas decisões econômicas, passem a ser considerados. No Brasil e em outros países, por exemplo, trabalha-se a “economia verde inclusiva” na forma de programas para promover a conservação ou recuperação ambiental, apoio a segmentos da população cuja renda se origina da reciclagem de resíduos sólidos, entre outros programas.



Fonte:


brasil escola
em.com.br
Leticia Orlandi