segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Proletários do mundo globalizado


Pouco tempo depois da aparente avalanche de cidadania dentro dos protestos de junho, a política brasileira flerta com tudo o que há de mais mesquinho e nefasto. O de sempre. Manobras demagógicas, falso moralismo, megalomania e a velha politicagem de botequim.
Marx foi capaz de ver o proletário como o protagonista das possíveis transformações sobre uma lógica opressiva e perversa que manipula as massas, como peças de uma grande engrenagem capitalista.

Proletários eram os despossuídos de bens e desprovidos de cidadania. Guerreiros capazes de construir uma “identidade” a partir da “não identidade” e que, na visão de Marx, se uniriam por um ideal comum, justamente por não possuírem ideal algum. A opressão surge como a força unificadora dessa gente sem partido.

Evidentemente, como salienta Vladimir Safatle: 

“É claro que todo acontecimento é acompanhado de perto por uma espécie de simulacro que visa anulá-lo, repetindo seu nome em um horizonte no qual sua força performativa de transformação se perde. A ascensão da força transformadora do proletariado foi seguida de perto pelo “proletariado” como seu próprio antídoto. Foi uma certa figura do operariado alemão que levou Hitler ao poder.” (Carta Capital – Os “sem lugar” na atualidade).

Os “proletários”, que costumam acompanhar os proletários, logo desferem os seus golpes ideológico-partidários na tentativa de determinar uma bandeira para um movimento caracterizado por uma gente que nem ao menos se enxerga dotada de identidade.

Várias partes do planeta, a exemplo do Oriente Médio, continuam respirando a luta por dignidade e emancipação. No entanto, além dos “proletários”, que acompanham os verdadeiros inconformados de perto, ainda temos outra praga: as autoridades políticas que se mostram “parte” de um movimento legítimo e popular. No plano nacional, os personagens são bem conhecidos: a falsa esquerda, a pseudo-direita, uma gama de aproveitadores e aspirantes à cargos públicos. No plano global, o interesse pela manutenção da ordem imperialista sempre encontra uma maneira de conduzir a construção dos modelos “democráticos”.