sexta-feira, 25 de maio de 2012

A filosofia de Calvino



O movimento reformista ganhou força em diferentes partes de uma Europa em intensa transformação. Na Suíça, a burguesia tinha grande influência nas cidades-república de Genebra, Zurique, Basiléia e Berna. No entanto, o poderio econômico dessa nova classe social era tolhido pelos poderes políticos preservados nas mãos dos clérigos que administravam esses mesmos centros urbanos.

Foi nesse contexto que, no início do século XVI, o padre Huldrych Zwingli começou a se aproximar das idéias defendidas por Martinho Lutero. Durante sua vida, o padre humanista teve grande atuação entre os populares que sofreram com o surto de peste bubônica que assolou as ruas de Zurique. Essa experiência vivida pelo clérigo o alertou para a reforma do catolicismo defendendo um tipo de experiência religiosa mais simples e atuante.

Por iniciativa própria, Zwingli se envolveu em um movimento reformista que defendia a predestinação absoluta e criticava a confissão religiosa nas igrejas. No ano de 1531, Zwingli tentou aproximar sua nova perspectiva religiosa dos grupos conservadores da Suíça. Sua tentativa de mudança criou uma guerra civil que provocou a morte do líder religioso. Mesmo sendo morto, seu esforço resultou na assinatura da Paz de Kappel, que permitiu a liberdade religiosa no interior da Suíça.

A onda reformista atingiu a Suíça como um todo. Na cidade de Genebra, os habitantes conseguiram destituir o poder político dos nobres e clérigos. Nessa mesma cidade, o teólogo francês João Calvino (1509 – 1564) empreendeu uma nova compreensão dos princípios religiosos defendidos por Martinho Lutero. Na obra “Instituições da religião cristã”, Calvino defendeu diversos princípios do pensamento luterano e reforçou a Teoria da Predestinação Absoluta.

Entre outras idéias, o pensamento calvinista defendia princípios morais bastante rígidos e via no trabalho e na poupança duas virtudes a serem valorizadas pelo verdadeiro cristão. A valorização do trabalho e a contenção dos lucros foram princípios que atraiam vários representantes da burguesia suíça. Em pouco tempo, Calvino conseguiu uma vertiginosa ascensão política e religiosa que o concedeu o controle da nova Igreja e do governo suíço.

Segundo os pesquisadores da temática religiosa, as idéias do calvinismo foram de suma importância para que o sistema capitalista se desenvolvesse. A idéia de trabalho árduo e acúmulo de capitais, rechaçados por essa nova denominação, impulsionaram o desenvolvimento dos negócios e dos novos empreendimentos comerciais. Nesse mesmo período, o calvinismo ganhou força na Inglaterra, na Escócia, na Holanda e na França.

FONTE:

mundoeducacao.com.br/historiageral

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O que acontece se a Grécia abandonar o euro?


São Paulo – A possível saída da Grécia da zona do euro é cercada de incertezas, mas perece ser cada vez mais iminente. Sem consenso para a formação de um novo governo após as eleições parlamentares, o clima é de apreensão. O Citi já elevou o risco de abandono da moeda pelos gregos para até 75%.

Veja, a seguir, algumas consequências possíveis, caso o país diga adeus à eurozona:

A grande dúvida que cerca a saída da Grécia da zona do euro é: como ficam os credores externos do país?  “Em caso de um calote, os bancos ficariam em situação delicadíssima. Seria um desastre financeiro nunca antes visto”, opina Manuel Enríquez Garcia, professor de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). 
O professor acredita, no entanto, que o Banco Central Europeu e os governos da França e da Alemanha não deixariam isso acontecer, já que o “efeito dominó” poderia fazer com que a crise se alastrasse e tomasse proporções desastrosas.
Isso significaria que ambos os países, que já carregam nas costas os custos mais pesados da manutenção do bloco, teriam que tirar mais uma vez a mão do bolso para salvar seus bancos e evitar um colapso geral do sistema financeiro.
Efeitos colaterais
Mesmo que os governos dos países mais “saudáveis” do bloco venham ao socorro dos credores da Grécia, os investidores se afastarão dos países mais “arriscados”, como Espanha, Portugal, Itália e Irlanda, buscando portos mais seguros para o seu dinheiro. O custo de empréstimo para estes países ficará ainda mais alto, o que causará ainda mais problemas para cada um deles, individualmente, e para o bloco.
“A incerteza já está levando muitos a tirar o dinheiro e ir embora”, diz Garcia. “O grande problema é que vai ficar a expectativa de quem vai ser o próximo”, opina Carlos Honorato Teixeira, professor do Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Para a economia grega, os efeitos imediatos serão drásticos, embora especialistas concordem que, no longo prazo, a medida permitiria a recuperação do país. 
O primeiro efeito será a volta do dracma ou a adoção de uma nova moeda que, de cara, deverá valer entre 50% a 80% a menos que o euro, na avaliação de analistas.
Corralito
A consequência imediata será uma corrida aos bancos para a retirada em euros antes que a nova moeda comece a vigorar. Para evitar o colapso do sistema bancário, o governo poderá recorrer ao “corralito”, medida estabelecida pela Argentina quando deu o calote. Para evitar as retiradas em massa, o governo congelou os fundos dos poupadores e estabeleceu limites semanais para a retirada de fundos. 
Quebradeira
Mesmo que o governo intervenha, é possível que alguns bancos não tenham fôlego para sobreviver. Empresas com dívidas em euro provavelmente não conseguirão pagar seus credores – já que o débito aumentará consideravelmente de tamanho em relação ao valor da nova moeda – e quebrarão também.
Inflação galopante
inflação galopante é outro efeito esperado dentro da economia grega. “O governo terá que agir rápido para colocar moeda no mercado, mas vai jogar dinheiro sem lastro”, explica Teixeira. 
Com excesso de dinheiro em circulação e escassez de oferta, os preços começam a subir. Com a desvalorização da moeda, os preços de produtos importados também devem disparar, o que é um problema grave já que a Grécia importa 40% dos alimentos que consome, quase todo o seu petróleo e gás natural, e grande parte dos seus medicamentos.
Ativos desvalorizados
Outra consequência será a desvalorização dos ativos gregos, já que haverá uma corrida de liquidação dos investimentos no país. “Vai ser possível comprar ilha grega a preço de banana”, brinca Teixeira.
Sem dinheiro nos cofres do governo para pagar os salários de servidores e aposentados, entre outros benefícios sociais, a população que já enfrenta taxa de desemprego de mais de 21% e agravamento da pobreza deve ficar em situação ainda mais crítica. 
A volta por cima da Grécia
Se, por um lado, a saída do euro significaria o colapso econômico e social da Grécia, em um primeiro momento, por outro pavimentaria o caminho para a volta por cima do país. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB encolheria pelo menos 10% no primeiro ano. O UBS é ainda mais agressivo em sua previsão: a economia grega poderia encolher entre 40% e 50% logo após a saída do euro. Mas depois da tempestade, viria a calmaria. Com liberdade monetária e sem o peso das medidas de austeridade impostas pelo bloco, o país ganharia folego para se reestruturar e voltar a crescer no futuro.
O fim do euro?
Não há consenso entre os analistas quanto ao futuro do euro sem os gregos. Enquanto alguns apostam que a saída da Grécia tornaria a moeda mais saudável, outros acreditam que ela não se sustentaria. Para Paul Krugman, economista e colunista do New York Times, o euro poderia se dissolver em questão de meses. 
Já para o economista Nouriel Roubini - conhecido por ter previsto a crise financeira de quatro anos atrás - a Grécia não levará consigo países como Portugal, Espanha e Itália. ”Economias sem liquidez, mas potencialmente solventes, como Itália e Espanha, necessitarão do apoio da Europa independentemente da existência da Grécia”, afirma. As perdas para o continente recairão, segundo Roubini, principalmente sobre instituições financeiras centrais da zona do euro, que teriam fôlego para superá-las.
A rebarba para o Brasil
No pior dos cenários, se a Grécia der o calote e a crise se alastrar ainda mais, os “respingos” podem recair sobre o Brasil. “A bolsa brasileira vem caindo de uma forma muito forte, como todas as outras no mundo, porque não se sabe os efeitos do que pode ocorrer na Grécia sobre o animo das pessoas”, destaca Garcia. “Cria-se um clima de extremo pessimismo e, quem tem dinheiro, fica com medo de não ter no momento seguinte. Acaba espalhando o clima de pessimismo e gera uma retração”, explica. 
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sexta-feira, 11 de maio de 2012

A ONU e o Terrorismo


Nos anos 90, o fim da Guerra Fria levou a um novo ambiente de segurança global, marcado pelo maior foco nas guerras internas do que nas guerras entre Estados. No início do século XXI surgiram novas ameaças globais. Os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos foram uma clara demonstração do desafio do terrorismo internacional, enquanto eventos posteriores aumentaram a preocupação com a proliferação de armas nucleares e os perigos de outras armas não convencionais.
As organizações do Sistema das Nações Unidas mobilizaram-se rapidamente em suas respectivas esferas para intensificar a luta contra o terrorismo. Em 28 de setembro o Conselho de Segurança adotou a Resolução 1373, nos termos de aplicação da Carta da ONU, para impedir o financiamento do terrorismo, criminalizar a coleta de fundos para este fim e congelar imediatamente os bens financeiros dos terroristas. Ele também estabeleceu um Comitê Antiterrorismo para supervisionar a implementação da resolução.
Os trágicos acontecimentos de 11 de setembro também revelaram o perigo potencial das armas de destruição em massa nas mãos de agentes não-estatais. O ataque poderia ter sido ainda mais devastador se os terroristas tivessem acesso a armas químicas, biológicas e nucleares. Refletindo estas preocupações, a Assembleia Geral adotou, em 2002, a Resolução 57/83, primeiro texto contendo medidas para impedir terroristas de conseguirem tais armas e seus meios de lançamento.
Em 2004, o Conselho de Segurança tomou sua primeira decisão formal sobre o perigo da proliferação de armas de destruição em massa, especialmente para os atores não-estatais. Agindo de acordo com as disposições da Carta, o Conselho adotou por unanimidade a Resolução 1540, obrigando os Estados a interromperem qualquer apoio a agente não-estatais para o desenvolvimento, aquisição, produção, posse, transporte, transferência ou uso de armas nucleares, biológicas e químicas e seus meios de entrega. Posteriormente, a Assembleia adotou a Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear, aberta para assinatura em 2005.
O Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), localizado em Viena (Áustria), conduz o esforço internacional para combater o tráfico de drogas, o crime organizado e o terrorismo internacional. Ele analisa novas tendências da criminalidade e da justiça, desenvolve bancos de dados, divulga pesquisas globais, reúne e divulga informações, faz avaliações sobre as necessidades específicas de cada país e medidas de alerta sobre, por exemplo, o aumento do terrorismo.
Em 2002, o UNODC lançou seu Projeto Global contra o Terrorismo com a provisão de assistência técnica e jurídica aos países para tornarem-se parte e implementarem os 12 instrumentos contra o terrorismo. Em janeiro de 2003, o UNODC expandiu suas atividades de cooperação técnica para fortalecer o regime legal contra o terrorismo, prestando assistência técnica e jurídica para os países em tornar-se parte e implementarem os instrumentos universais antiterrorismo.
Na esfera jurídica, a ONU e seus órgãos – como a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), a Organização Marítima Internacional (IMO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – desenvolveram uma rede de acordos internacionais que constituem os instrumentos básicos legais contra o terrorismo.
Estes instrumentos incluem convenções sobre crimes cometidos a bordo de aeronaves; apoderamento ilícito de aeronaves; atos contra a segurança de civis; crimes contra pessoas protegidas internacionalmente, incluindo diplomáticos; proteção física dos materiais nucleares; e a marcação de explosivos plásticos para fins de detecção. Além disso, eles incluem protocolos sobre atos de violência em aeroportos da aviação civil internacional, e sobre os atos contra a segurança de plataformas fixas localizadas no continente.
A Assembleia Geral também concluiu as cinco convenções seguintes: Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns; Convenção sobre a Segurança das Nações Unidas e Pessoal Associado; Convenção Internacional para a Supressão de Atentados Terroristas; Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo; e a Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear.
Infelizmente, grandes ataques terroristas continuaram após o 11 de setembro – incluindo ataques à sede da ONU em Bagdá (agosto de 2003); em quatro trens em Madrid (março de 2004); num escritório e em apartamentos em Al-Khobar, na Arábia Saudita (maio 2004); no metrô de Londres (julho de 2005); numa zona litorânea e num centro comercial em Bali (outubro de 2005); em vários locais de Mumbai (novembro 2008); nos hotéis Marriott e Ritz-Carlton em Jacarta (julho 2009), e no metrô de Moscou (março 2010), para citar apenas alguns.
Como parte do esforço internacional para conter esta onda mortal, a Assembleia Geral adotou por unanimidade e lançou, em 2006, a Estratégia Antiterrorista Global da ONU. Baseada na convicção fundamental de que o terrorismo, em todas as suas formas, é inaceitável e não pode nunca ser justificado, a Estratégia define uma série de medidas específicas para combater o terrorismo em todas suas vertentes, em nível nacional, regional e internacional.
Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral, num grupo de pessoas ou em indivíduos para fins políticos são injustificáveis em qualquer circunstância, independentemente das considerações de ordem política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou de qualquer outra natureza que possam ser invocadas para justificá-los.
 Declaração sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional
(Resolução 49/60 da Assembleia Geral, para. 3)



FONTE: