sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dialética?




A dialética pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma discussão na qual há contraposição de idéias, onde uma tese é defendida e contradita logo em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo, uma discussão onde é possível divisar e defender com clareza os conceitos envolvidos.

A prática da dialética surgiu na Grécia antiga, no entanto, há controvérsias a respeito do seu fundador. Aristóteles considerava a Zenôn como tal, já outros defendem que Sócrates foi o verdadeiro fundador da dialética por usar de um método discursivo para propagar suas idéias.

A DIALÉTICA EM PLATÃO

Para Platão a dialética é o único caminho que leva ao verdadeiro conhecimento. Pois a partir do método dialético de perguntas e respostas é possível iniciar o processo de busca da verdade. Em sua Alegoria da Caverna, Platão fala da existência de dois mundos: o mundo sensível e o mundo das idéias. Sendo o segundo alcançado apenas através da dialética, da investigação de conceitos.

A DIALÉTICA EM HEGEL

Em Hegel, a dialética se movimenta da seguinte forma: primeiro existe a TESE, que é a idéia, gerando uma ANTÍTESE, que se contrapõe à TESE, surgindo assim a SÍNTESE, que é a superação das anteriores. Hegel aplicava esse raciocínio à realidade e aos diferentes momentos da história humana. Desde as antigas civilizações do oriente até a concepção de Estado Moderno, constando nesse ínterim, acontecimentos como o surgimento da filosofia, o iluminismo e a Revolução Francesa. Ou seja, a história estaria dividida em três etapas, correspondendo exatamente à TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE. A SÍNTESE representa a superação da contradição.

A DIALÉTICA MARXISTA

Karl Marx reformula o conceito de dialética em Hegel, voltando-o para a sociedade, as lutas de classes vinculadas a uma determinada organização social, surgindo assim, a chamada: dialética materialista ou materialismo dialético.

A dialética materialista une pensamento e realidade, mostrando que a realidade é contraditória ao pensamento dialético. Contradições estas, que é preciso compreender para então, transpô-las através da dialética. Marx fala da dialética sempre em um contexto de luta de classes, diferentes interesses, que geram a contradição. Sendo assim, o materialismo dialético é uma das bases do pensamento marxista.


A dialética hegeliana afirmava que os fenômenos continham em si um movimento intrínseco, causador de um devir perpétuo e que assinalava sua própria negação, conservação e síntese. Essa forma de expressar a contradição – o conflito como a própria substância da realidade – foi a solução dada por Hegel ao idealismo predominante em sua época e que tornou o ser das coisas intangível, por isso imutável, restando apenas a aparência enquanto movimento. Assim, a dialética apontaria as contradições da vida social que desembocariam na negação de uma determinada ordem. Já com o materialismo de Feuerbach, captava-se a realidade a partir das sensações e essas determinavam a consciência das ações dos homens.

Ao ser influenciado por ambas as correntes, Marx tratou ao mesmo tempo de refutá-las e sintetizá-las, mesmo que a partir de uma inversão. Segundo a abordagem da vida social, Marx concebeu que os homens têm como base de suas relações o modo como produzem seus meios de existência. Tal método foi denominado materialismo histórico-dialético. Ele não tem como meta estabelecer leis gerais do movimento, mas elucidar fatos concretos de como esse movimento se deu na História.

Essa perspectiva concebe a efemeridade de todos os fenômenos, atestando, inclusive, e principalmente, que os processos de produção são transitórios (e não imutáveis) e que destes dependem as concepções que regem as relações sociais,bem como determinam as consciências individuais.

A produção de meios materiais permitiu e permite que os homens continuem a existir, satisfazendo suas necessidades. Essa produção, enquanto fato histórico, é o que determina, segundo Marx, a interação dos homens com a natureza, bem como com os outros indivíduos, reproduzindo os processos de produção e transmitindo-os para assegurar a manutenção da existência social.           

É a partir do processo de produção que os homens estabelecem relações sociais e criam as condições para regular os interesses coletivos. O trabalho é o fundamento do materialismo histórico que determina os fatores econômicos, sociais, políticos, etc.

No entanto, o processo produtivo se desenvolveu em estágios determinados, não sendo fruto da vontade individual. O estado de desenvolvimento social é intrinsecamente realizado a partir de suas relações de produção e de suas forças produtivas. Estas dizem respeito à interação do homem na natureza e dos meios de que dispõe para suprir suas necessidades; aquelas são o resultado expresso da interação dos homens – quando em conjunto agem na transformação da natureza, assim como também na transformação social.

Logo, é a partir do modo como os homens organizam sua produção material de existência que eles se organizam, criam leis e costumes, estabelecendo relações em torno da noção de trabalho que é o modo como o homem intervém na natureza para satisfazer suas necessidades. Esse método visa compreender os fatos concretos, vislumbrando a possibilidade de uma reconstrução histórica do homem, que pretende ser a tomada de consciência de suas contradições, com a intenção de superá-las. E o sistema econômico ou modo de produção vigente, o capitalismo, é o desafio a ser superado em razão da imensidade de contradições evidentes no interior do sistema.

Fonte:

João Francisco P. Cabral - Colaborador Brasil Escola

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