sábado, 16 de abril de 2011

Filosofia Medieval

#Se a filosofia antiga se concentrou em questões acerca do ser e do não-ser, da origem, permanência e movimento, do uno e do múltiplo, para os pensadores medievais o problema essencial era o da conciliação entre fé e razão. Os problemas lançados pelos gregos foram abordados a partir de uma outra perspectiva. Embora o cristianismo não seja uma filosofia, ele interfere de uma maneira profunda no pensamento e na cultura da época, uma vez que o filósofo cristão se depara com o conflito da sua realidade finita e imperfeita diante da divindade infinita e perfeita.

Patrística

Os primeiros momentos da chamada “era cristã” foram marcados pela elaboração e consolidação dos dogmas cristãos, ou seja, verdades reveladas que exigem a aceitação incondicional por parte dos fiéis. E alguns desses dogmas se propõem a desafiar a razão, como por exemplo, o da Trindade de Deus: Deus é, ao mesmo tempo, um só e três: o pai, o Filho e o Espírito Santo.

A essência do Evangelho, na qual se sustentava a fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um conhecimento de salvação, revelado, não definido por uma filosofia. No combate contra o paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, no entanto, os padres da igreja se viram motivados a recorrer ao instrumento de seus adversários, ou seja, o pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.

A missão da filosofia desenvolvida pelos padres (daí o nome patrística) é a de buscar justificativas racionais para as verdades reveladas, ou seja, conciliar razão e fé.

Os maiores nomes da patrística latina foram santo Ambrósio, são Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e santo Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos.

Escolástica

Por volta do século IX surgem as escolas que cultivam o saber teológico e filosófico, inserido num exercício cooperativo coletivo. O ensino se faz por meio da análise e do comentário dos textos de teólogos e filósofos, relacionando problemas, argumentos e soluções.

A filosofia continua mantendo contato com a religião: são ainda as questões teológicas que conduzem as reflexões filosóficas.

O método adotado pela Escolástica se traduz através do ensino, fundamentado na lectio – o mestre domina a palavra – e na disputatio – debate livre entre o professor e seu discípulo -; e nas formas literárias – entre elas predominam os comentários, nascidos da lectio, dos quais se originam as Summas, que permitem ao autor se ver um pouco mais livre dos textos; e as quaestiones, vindas à luz por meio da disputatio. Uma das Summas mais renomadas é a Summa Theologica de São Tomás. A Opuscula também é livremente usada pelos escolásticos, representando um caminho mais autônomo para se abordar uma questão.

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